A FLOR

Bem-me-quer! Digo à flor sem arrodeios,

Pois mal sabe ela o que se quer.

Apenas desperdiço o que me resta de fé.

Malmequer! Na segunda pétala arrancada até

Sangrar na alma, torno-me a ela espinho

Despetalando o amor hoje por um fio

Despindo a corola com toda a incerteza

Até deixá-la toda nua, um só vazio

Como agora a flor do meu peito também é.

Bem-me-quer! Ah, Flor, se tu souber

Algo que cesse minha dor, um segredo qualquer

Cancelarei tua tortura assim que me disser.

E sabes me dizer?

Malmequer! Bem-me-quer! Puxo com força e solto

Tais braços macios. E embarcam no vento

Desgarrados cruelmente em tal desespero.

E novamente: Malmequer!

Escorre no néctar lágrimas de uma flor

Viajando no pólen a saudade do querer,

A esperança de estar com quem se quer.

Bem-me-quer! Seria um sonho e é

Tê-la como minha mulher

E a ela te daria, Linda Flor,

Sem um arranhão sequer.

Malmequer! Mas por que simplesmente não me quer,

Querendo a mim tanta chaga,

Inconsolável, faça o que fizer?

Bem-me-quer! Aperta-me veemente o coração

Castigando a inocente flor com toda minha dor

E mesmo não sendo dela meu amor,

Deixa seu perfume entranhado em minha mão.

Malmequer! Ai, aflição

E já não me há nenhum viés

Falta pouco e seja o que Deus quiser!

Bem-me-quer! Insuficiente ele agora me é

Pois aquilo que nos oferece o destino

Nem sempre é aquilo que a gente tanto quer.

E então cai a última pétala em "Malmequer!".

Poesia extraída do livro "Além da Estrada" de Carlos Eduardo Mélo, Editora Bagaço - Recife, 2007, pág. 116

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Existem muitas flores baratas por aí, até flores de plástico você pode encontrar. Cuidado com elas.

Hoje, tenho o amor mais bonito, mais incomum, mais amado. O amor de uma flor. Uma pequena flor delicada, linda e perfumada. Que também é mulher, que também é minha vida. Mas ela não se abre em qualquer jardim, não. Ela é ÚNICA.