Quando eu caí neste mundo
Não sabia o quanto Carlos eu seria.
Fiz um pacto com a morte num contrato de vida
E dela minh'alma seria na inadiável hora de partida.
Quando eu caí aqui, assim
Como a chuva que escorre nua
E molha o telhado das casas
Não sei, talvez tenham me cortado as asas
E de letárgico sono, feito cão sem dono,
Tenha me despertado de um lindo e interminado sonho.
Quando este mundo caiu sobre mim
Nem saberia imaginar do peso a carregar
Esmagando cada músculo das minhas costas.
Quando tudo caiu sobre mim, aqui
O desespero foi tanto que fugi
Correndo descalço pelas calçadas.
E quando caí em mim
Vi-me refletido nas poças da chuva
Perdido, caído no chão,
Um pedaço era eu,
E o resto, saudade.
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Poesia extraída do livro "Além da Estrada" de Carlos Eduardo Mélo, Editora Bagaço - Recife, 2007, pág. 133
3 comentários:
É o fraco... Quando eu crescer quero ser que nem tu!
Abraço.
"E quando caí em mim
Vi-me refletido nas poças da chuva
Perdido, caído no chão,
Um pedaço era eu,
E o resto, saudade."
Meu D'us.
Como vc faz isso...?
Está MARAVILHOSO, e isso ainda é muito pouco do que eu deveria lhe dizer pra mostrar o quão belas são suas palavras.
Ainda me emociono ao ler esse poema...
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