quarta-feira, 14 de outubro de 2009
O VIAJANTE MÚSCULO
Escorre rubro, batendo fora do quarto escuro,
Latejando na epiderme da mão, o dilacerado músculo.
Retirado de seu lar e de tanto preito
Para ser urgentemente exorcizado disto que me arde.
Esvaziam-se os átrios e os ventrículos
Dos sonhos não vividos e das palavras ainda nem ditas,
Em gotas velozes, a cor do sangue por entre os dedos
Deixando as nódoas que tingem a dor de cada página.
E, de repente, o sangue se dispersa pelos cômodos da casa,
Preenchendo os desvãos entre um verso e outro.
O pulsar frágil falecia e,
Embora estivesse dentro de mim
No silêncio da estreita cavidade carcerária,
Eu não pude tocá-lo.
Mas agora, misteriosamente, exposto cru,
Respira livre enfim
Neste espaço um tanto imenso para cabê-lo.
Logo, o vento facilmente, como quem carrega pólen,
Afaga-me o coração em milhares de toques cuidadosos,
Convidando-me a embarcar em novos ares.
Assim, lanço o corpo contra as ondas
E, içando as velas, navego rumo a outros mares.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
3 comentários:
Incrível... por que demorei tanto a voltar aqui?...
Perfeito.
não é por não deixar comentário,que deixei de passar por aqui..
te amo,príncipe!
*nunca mais as poesias tiveram os comentários do poeta :/
o meu ta precisando viajar... ou estou precisando de outro.
Abraço!
Postar um comentário