Vem assim, cheia de saudade e malícia,
Sem hora marcada, sem pudor ou cautela,
Não pede licença e já entra me tocando.
Entra com passos calados, encarando-me com brandos olhos
E abrindo os largos braços. Como um vento.
Envolvendo-me num frio abraço e, em silêncio,
Fala baixinho aos meus ouvidos com severa paciência.
Como uma amante, ela chega e se entrega veemente,
Mordendo a carne, rasgando as vestes, arranhando as costas.
Vem com o fascínio pela noite e a tristeza desesperada do abandono.
Chega devota à brevidade dos amores eternos e da carência de sono.
Ela me aparece com sua capacidade de esconder minhas lágrimas
E o seu ridículo desejo de me satisfazer, guardando segredo.
Vem do nada, com sua fidelidade e todo respeito,
Trazendo sonhos para quem se esquece da vida.
Beija a mão gelada que escreve durante a madrugada
Guiando-a pelo labirinto de páginas gritando por rabiscos.
E assim, vou sendo seduzido pela facilidade de me compreender.
Sentindo-a delicadamente com a ponta dos dedos,
Deixo meu coração fervendo com sua imensa beleza.
Ah, essa leve epiderme, essas histórias que contas de fantasias
Pela ternura em tua face. Ah, essa súbita ilusão de me fazer feliz.
Ela me vem como quem nada quer, devolvendo-me um pedaço ainda meu,
Mas, como todas as outras,
Ela me chega falsária como se já dissesse adeus.- - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -
É assim que a vejo e é assim que a sinto: Poesia. Parabéns, pelo seu dia!
Dia da Poesia - 14 de Março.
2 comentários:
muito linda, Dudu. parabéns!
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